Modelo e artista plástica Nathalie Edenburg comanda exposição de arte no SPFW
A modelo e artista plástica Nathalie Edenburg ©Gabriel Cappelletti/FOTOSITE
Por Julia Pitaluga, em colaboração para o FFW Models
Quem passar pela Bienal neste SPFW N41 vai se encantar com um paredão de imagens da modelo e artista plástica Nathalie Edenburg (Ford Models Brasil) em que um único clique feito pelo fotógrafo Rogério Mesquita foi reproduzido e recebeu centenas de diferentes intervenções artísticas – uma para cada dia do ano.
Trata-se do “How Do I Feel Today”, o mais novo projeto da paulistana de 24 anos que acumula experiência no mercado de moda como modelo – ela já arrematou campanhas publicitárias como “O Boticário” e “Riachuelo” – e que há quatro anos começou a sentir a necessidade de expressar sua individualidade e seu humor de um modo mais artístico e sensível.
“How Do I Feel Today” ©Gabriel Cappelletti/Agência Fotosite
Fã de pintores como Picasso, Frida Kahlo e Gustav Klimt, Nathalie começa sua carreira como artista plástica muito bem. Ela recebeu o FFW em frente às suas obras e mergulhou em uma conversa descontraída, interessante e cheia de referências, mostrando que tem muito o que falar além da moda e das passarelas.
Acompanhe o nosso papo com ela:
De onde surgiu a ideia de retratar, com a arte, várias Nathalies diferentes em cima do mesmo retrato?
Sempre gostei de pintar. Pinto há uns três anos como hobby e agora estou começando a levar mais a sério esta carreira. Na verdade, não sei se dá para levar a arte tão a sério, é tudo muito natural, sem pressão. Viajo muito porque trabalho como modelo há bastante tempo, estou sempre entre aeroportos e shootings e comecei a sentir a necessidade de preencher um vazio que me comandava pois ficava muito sozinha. A ideia surgiu em novembro de 2014, quando fiz um ensaio com o fotógrafo Rogério Mesquita; fizemos vários retratos meus e depois de um tempo eu pedi para ele imprimir alguns deles porque tive uma ideia e queria fazer uns testes. Ele imprimiu, levei para NY e fiz várias artes. Ele adorou e fomos brifando o que poderia sair daquilo que eu tinha feito.
Então o projeto “How Do I Feel Today” surgiu de um brainstorm entre você e o fotógrafo?
Sim! Eu e Rogério fomos debatendo sobre aquilo e pensando: “Nossa, imagina 365 retratos desse! Imagina imprimir vários iguais a este!”. E foi perfeito, pois era final de ano e resolvi começar o projeto no dia 1º de janeiro de 2015 para terminar no dia 31 de dezembro. Um grande desafio de disciplina!
Você ainda trabalha como modelo; como tem conseguido alinhar sua carreira na moda com a sua nova empreitada artística?
Como disse, viajo muito: NY, Londres, Paris, Tóquio, África do Sul, estou sempre em aeroporto e acabo ficando a maior parte do tempo sozinha; aprendo muito sozinha. Não preciso alinhar, pois pinto em qualquer lugar, até no aeroporto – várias obras dessas eu pintei entre uma viagem e outra, sempre retratando o meu humor do dia. A arte veio como forma de preencher esse espaço sozinha que sinto dentro de mim. Uma forma de autoexpressão e uma ferramenta essencial pro meu autoconhecimento.
“How Do I Feel Today” ©Gabriel Cappelletti/Agência Fotosite
Como você começou a pintar e a se interessar por arte?
Nunca fiz aula e nenhum curso de arte. Eu cresci nisso, desde criança eu adorava pintar e minha família é conduzida por pessoas que lidam com a arte de um modo geral. Meu avô tem 15 irmãos, a metade é praticamente artista, muitos músicos e pintores. Lido com isso desde que nasci. É fácil e prático: é papel e tinta e sua energia ali.
O que te influenciou na sua arte e de onde tira inspiração?
Tive influência do que vivo durante a minha rotina. Como viajo muito eu tenho mais acesso à arte como um todo, a diversos museus e a diversas exposições ao redor do mundo, por exemplo. Gosto de pesquisar também, é a minha base e minha referência.
Quem são seus artistas favoritos?
Picasso, Klimt e Matisse. Eles são autorais, originais e reais. São específicos de acordo com o traço único deles. Eles são artistas de alma, expressam seus sentimentos através do toque que é a arte. Que é o que eu quero propor com o “How Do I Feel Today”.
É a primeira vez que você expõe o “How Do I Feel Today” a um grande público. Você tem outros planos para a exposição?
Sim, é a primeira vez, aqui é o lançamento. Mas quero fazer uma exposição grande aberta ao público em junho em São Paulo e depois viajar com ela, quem sabe para NY, que é onde eu moro. A arte é para ser vista, quero levá-la a muitos lugares ainda.
Você acha que o público consegue enxergar a evolução entre a primeira e a última foto vendo a exposição toda?
Claro! É nítido. É nítida a evolução do traço através da prática frequente. Só com a prática podemos aprimorar nossas técnicas e evoluir como ser humano. Tive que pintar todos os dias e isso me deu a possibilidade de explorar todo o material e todas as ferramentas que utilizei; aprendi muito.
“How Do I Feel Today” ©Gabriel Cappelletti/Agência Fotosite
Qual foto tem a história mais legal?
Ah, todas elas têm uma história legal! Tem a que meu rosto está todo estrelado azul, que foi o dia que fui ao Planetário; tem a meio africana com a cara vermelha em homenagem ao baile da “Vogue”. Um dia, que eu estava chorando, muito triste, eu coloquei água no papel e ela escorreu, ficou como se fosse uma lágrima mesmo, impressionante, olha como é a arte, ela sente!
Quem é o público que pode se identificar com suas obras e quais seus planos para o futuro?
“How Do I Feel Today” é um trabalho que dá valor à sensibilidade e ao desapego da beleza. Um trabalho social, com o intuito de estimular a prática artística: qualquer pessoa pode se expressar artisticamente. Eu me uso de cobaia, me pintei todos os dias do ano, expressei todas as minhas emoções e percebi, ao pintar, o quanto o meu humor e a minha energia mudavam. É um efeito terapêutico.
Estamos com uma instituição parceira que é a Casa do Zezinho, que abriga 1.500 crianças. Vamos fazer uma ação em junho com oficinas de arte lá: vamos fotografar as crianças e cada uma vai pintar seu próprio rosto, expressando seus sentimentos e desabafando consigo mesmas.