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Entrevista

Aos 21 anos, a paulistana Nathalia Oliveira contou a rotina da vida de modelo em entrevista exclusiva para o Terra.

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Enquanto muitas meninas saem de casa com 14, 15 anos para tentar a sorte na carreira de modelo, a paulistana Nathalia Oliveira, de 21 anos, ganhou contrato com uma das maiores agências do País, a Ford Models, depois de ser finalista em um concurso, mas decidiu adiar a carreira para terminar os estudos. “Já estava no final do segundo ano e só tinha mais um, então não valia a pena dar uma pausa e depois não saber quando terminar”, disse em conversa exclusiva com o Terra durante sua passagem pelo no Dragão Fashion Week, semana de moda autoral nordestina.
Com o diploma garantido, ela resolveu experimentar a vida de modelo e já em seus dois primeiros ensaios emplacou duas capas de revista seguidas. Logo depois, embarcou para Milão, estampou a capa da revista Elle no Japão, foi garota-propaganda da grife de luxo Jil Sander e, quatro anos depois, divide a rotina entre São Paulo, Tóquio e Nova York para as temporadas de trabalho. “Não sei onde eu moro na verdade. Fico um tempo entre estas cidades, mas não tenho residência fixa ainda”, contou depois de pensar um pouco para responder onde era sua casa. No passaporte, há também carimbos para Bélgica, Colômbia, Peru, China, França e por aí vai.
Mas, entre esses destinos, a cidade de Barueri, localizada na região metropolitana de São Paulo, é a parada preferida. Isso porque é a “casa oficial” da top, já que lá moram os pais, as duas irmãs e o namorado Renan. A aliança de compromisso grossa na mão direita mostra que o relacionamento é sério. “É complicado por causa da distância, mas ele já me conheceu assim”, conta. Básica por natureza, Nathalia passa só corretivo para sair de casa e rímel e batom “quando a ocasião exige”.
Foi com essa postura, simples e muito tranquila, que ela recebeu o Terra no hotel Beach Park em Fortaleza, um dia depois de abrir o desfile de Lino Villaventura com um ar de mulherão, vestido completamente transparente, cabelos estrategicamente desarrumados e batom vermelho.
Sem maquiagem, cabelos bem ao natural e com um vestido estampado, ela contou sobre sua escalada no mundo da moda, o “falso” glamour da profissão, mostrado em filmes e novelas, e os perrengues que precisou passar. “Nunca imaginei nada disso até viver”.
Confira a entrevista exclusiva com a top:
Terra – É a primeira vez que você desfila aqui no Dragão Fashion Brasil?
Nathalia Oliveira – Não, a segunda. Vim em 2010, quando comecei como new face, e agora, como top.
Terra – O que mudou na sua vida agora que é considerada top?
N.O – É totalmente diferente porque o tratamento das pessoas com você fica melhor. A new face é aquela que aceita tudo, mas quando já tem um nome você já não aceita tudo, as pessoas te reconhecem.

Terra – Em um vídeo da sua agência, você diz que começou na carreira por insistência de uns amigos. Como foi essa história?
N.O – Meus amigos sempre disseram que eu tinha perfil, só que eu sempre fui muito tímida, ainda acho que sou um pouco tímida, apesar de ter melhorado muito. Mas eu estava no segundo ano do colegial, em 2008, quando surgiu o concurso Faces e uma amiga me convenceu a me inscrever. Acabei sendo uma das finalistas, não ganhei, mas a Ford fechou contrato comigo. Mas só comecei em 2010, na verdade, porque terminei o terceiro colegial antes.
Terra – Por que preferiu terminar os estudos antes?
N.O – Preferi porque só tinha mais um ano na escola, então não valia a pena dar uma pausa e depois não saber quando terminar. Achei melhor assim e meus pais também concordaram. Depois, quando me formei, engatei direto.
Terra – Como foram seus primeiros trabalhos?
N.O – Comecei fazendo uns editoriais para a Marie Claire e outras revistas. Já no primeiro ano que eu estava modelando fui duas capas seguidas da Mag!. Não fiz nada de extraordinário nesse primeiro ano, mas depois engatei: primeira viagem Milão, depois fui pra Tóquio, no outro ano Paris, Milão de novo. Assim fui conhecendo um pouco de todos os lugares do mercado.
Terra – Com essa rotina de viagens, onde você mora hoje?
N.O – (Depois de pensar um pouco) Não sei na verdade. Porque eu fico mais entre São Paulo, Nova York e Tóquio, mas não tenho residência fixa ainda. Moro com pais, então quando venho para o Brasil fico na casa deles em Barueri. Em Nova York fico com umas amigas e em Tóquio prefiro ficar sozinha.
Terra – Como foi esta fase de transição de estudante para modelo?
N.O – Foi um choque porque é uma realidade totalmente diferente. Eu estava acostumada a ficar ali com minha família e meus amigos e daqui a pouco você está sozinha numa cidade que não conhece, com pessoas que não tem nenhum tipo de relacionamento.
Terra – Você se desesperou em algum momento?
N.O – Sim. Mais pelo fato de estar sozinha mesmo, você passa o dia trabalhando, chega a noite e não tem ninguém para conversar, o máximo que você faz é falar com sua família no Skype. Antes eu tinha uma vida muito normal, nunca tinha feito uma viagem internacional.
Terra – Você sonhava em ser modelo antes de ser convencida a se inscrever no concurso?
N.O – Não. Nem quando era criança. Porque eu conheço muita menininha que já fala que quer ser modelo e fica brincando de desfile, mas nunca passou pela minha cabeça. Nunca brinquei de modelo, brincava de qualquer coisa, de professora, médica, menos que eu era modelo.

Terra – O que queria ser?
N.O – Já quis ser advogada, veterinária, várias coisas. Mas se eu fosse começar uma faculdade agora, eu faria arquitetura porque gosto bastante.
Terra – Você conhecia pouco do mundo da moda antes de entrar de cabeça nele, o que te surpreendeu neste universo. Como você imaginava que seria?
N.O – Para mim era tudo glamour, às vezes eu via na novela, filme e era sempre glamour, não tinha o “perrengue”. Porque querendo ou não, sempre tem. Ou nos desfiles ou nos lugares para fotografar onde está muito frio e a roupa é de verão. Eu nunca imaginei nada disso até viver.
Terra – Na hora destes “perrengues”, já pensou que estava no lugar errado alguma vez?
N.O – Eu acho que sempre penso isso quando vou fotografar em lugar frio. Essa última vez em Tóquio, estava muito frio e tinha que fotografar roupa de verão na rua. Lá venta muito, então batia aquele vento e eu falava: “meu Deus, por que eu estou aqui? Por quê?”. Eu odeio frio.
Terra – Qual a melhor e a pior parte de ser modelo?
N.O – A melhor parte são os lugares e as pessoas que você conhece e talvez nunca conheceria se tivesse uma vidinha fechada, normalzinha. A pior parte são essas coisas que a gente tem que passar, como frio, calor. É sempre pouco ou muito, não tem meio termo.
Terra – O que você faz sendo modelo que nunca se imaginou fazendo na vida?
N.O – Acho que justamente conviver com muita gente, falar, sempre fui muito tímida, tinha meus amigos e era só. Eu não gostava de conhecer pessoas, mas hoje em dia eu já gosto. Se não fosse modelo, talvez eu não tivesse saído daquele mundinho, conhecia uma pessoa aqui e ali e só.
Terra – Você tem 1,76m e falou várias vezes que é muito tímida, era estranho ter essa altura quando era mais nova?
N.O – Era estranho porque sempre fui a mais alta de todo mundo, até que minha irmã mais velha e principalmente naquela época de paquera e você nunca é olhada porque é a mais alta.
Terra – Hoje em dia se sente mais à vontade no meio das modelos por causa disso?
N.O – Sim. Sou até baixinha perto de algumas, me sinto normal. É engraçado. Até por isso sou mais modelo fotográfica, faço mais ensaios que desfiles porque para alguns não sou alta o suficiente.
Terra – Vi que tem uma aliança na mão direita, como concilia essa rotina com o namoro?
N.O – É complicado por causa da distância, mas o Renan já me conheceu assim sendo modelo e estamos juntos há dois anos. Ele não é modelo, trabalha com comércio exterior e mora em Barueri, mas ele entende porque é uma pessoa que gosta de viajar, temos planos de viajar juntos. Depois que ele se formar vai se jogar no mundo também.

Terra – Você tem alguma rotina especial de beleza?
N.O – Sou uma pessoa que não ligo muito, procuro manter a alimentação, mas admito que como muita besteira porque não consigo. Já tentei ficar naquela dietinha, mas não dá. Prefiro ir para a academia, caminhar de manhã do que deixar de comer, ficar me privando. Chocolate é essencial na minha existência como também pizza no fim de semana, sanduíche, sorvete.
Terra – Se considera uma pessoa vaidosa?
N.O – Confesso que sou muito básica, sempre que saio o máximo que passo é um corretivo e, dependendo da ocasião, um rímel e um batom ou vou de cara lavada com cabelo molhado mesmo. É engraçado porque quando me produzo toda, meu namorado não fala nada, mas quando vamos pegar um cineminha domingo à noite, tomo banho, lavo cabelo, coloco uma roupinha, ai ele fala “nossa como você está linda, seu cabelo está maravilhoso, o que você fez?” Falo que lavei. Não dá para entender.
Terra – E você prefere suas fotos produzidas ou mais básicas mesmo?
N.O – Depende. Gosto do meu cabelo, roupa básica, mas às vezes que me produziram, com cabelo bonito, maquiagem, principalmente batom vermelho, me olho e penso: “nossa, devia usar mais isso!”.
Terra – Depois que se tornou modelo mudou seu jeito de se vestir?
N.O – Também sou bem básica. Já fui muito do preto, hoje em dia uso mais um coloridinho. Mas não uso saia, principalmente saia e vestido longo, acho lindo nas pessoas, na loja, mas em mim, não gosto.
Terra – Você se tornou top muito rápido, já fez campanhas internacionais importantes e estrela editorias em revistas de vários países, o que espera da carreira? Tem algum sonho que quer realizar como modelo?
N.O – Difícil essa! Não sei, acho que pelo que eu imaginava, já cheguei muito longe. Sempre pensei que ia ficar ali embaixo, mas um sonho, não tenho. Acho que o que toda modelo diz: desfilar para a Victoria’s Secret.
Terra – Para quase todas as meninas, a carreira de modelo tem um prazo curto para terminar. Você tem algum plano em relação a isso?
N.O – Sempre falo que vou ficar mais um ano, ver o que dá e se não for um pouquinho mais longe, vou fazer outra coisa, mas dai tudo muda. Não estabeleci um tempo, uma idade, até onde der eu vou, depois quem sabe? Eu gosto de ser modelo, minha vida mudou totalmente, minha autoestima melhorou, tudo melhorou, foi uma transformação pra melhor.

 

 

Por Denise Cespedes

Meu nome é Denise Céspedes, tenho 3 filhos, Gabriel, Giovanna e Rafael, tento conciliar a vida de mãe e empresária.
Comecei minha carreira como modelo quando eu tinha 18 anos. Trabalhei durante 10 anos, viajei, fotografei, desfilei e conheci pessoas incríveis....

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